Essas são as minhas marcas...

Jamais senti que fazia parte do meu grupo de coleguinhas. Nunca me curvei com facilidade debaixo de padrões. Talvez eu goste que seja assim. Um pouco de rebeldia é gostoso.

Às vezes penso que possa haver um tipo bom de rebeldia, uma coragem que traz autenticidade ao viver, mesmo que o preço seja o de não se encaixar. Talvez seja a coragem de sonhar. Não sei ao certo o que é, mas eu gosto disso.

Quando paro pra pensar sobre isso, creio ser uma não-conformista, radical. Em retrospecto, posso ver uma centena de coisas que eu disse e fiz que compreensivelmente afetaria, de modo a preocupar, todos aqueles que me cercam e que, de alguma forma, se importam comigo. Muitas dessas coisas foram imaturas; algumas, pecaminosas; outras, eu faria de novo.
Sinto que liberar a pessoa que eu sou é um negócio perigoso. Talvez eu seja uma sínica rebelde de sorriso maroto no rosto com maior freqüência do que percebo. Mas, nem a rebeldia nem a malandragem me definem. Há outra coisa que é mais central no meu ser. Sou um reflexo feminino do caráter de Deus.

Eu fui projetada para viver e mover-me dentro – e através – do meu mundo com riso e esperança. Sou chamada a me preocupar menos com a conformidade do que com integridade, menos a me integrar e mais com as visões de uma sonhadora. A leveza do riso da esperança e a coragem de permanecer sozinha, enquanto sonhos são buscados; são as minhas marcas.

Fazer palhaçada é o riso barateado. Os palhaços fazem caretas. Os homens riem. A rebeldia é a integridade corrompida. Os rebeldes destroem. Os homens dão vida. Não quero ser nem palhaço nem rebelde, mas não quero evitar esses dois erros com tanto rigor que perca as boas qualidades que eles disfarçam. Não quero ser uma conformista previsível, presa a algo que requer menos de mim do que sou chamada a dar. Não quero uma vida de fantasias que eu possa usufruir sem sair do sofá. Quero sonhos que façam com que eu em mova diante de desvantagens impossíveis.

Quero ter a esperança, quando a vida for intolerável e quebrar o que a torna intolerável. Talvez o sorriso exibicionista da malandra rebelde amadureça um dia para tornar-se o riso de uma romântica e a coragem de uma sonhadora.

Gabriela C. Paiva

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