A Mão Invisível

Como uma nuvem densa eram os meus pensamentos, a imaginação voava sem saber aonde ir. Muitos sonhos não me davam a direção certa, apenas faziam com que o vento levasse as minhas motivações de modo que eu nem pude notar.

Certo momento me vi vazia, pois o ar gélido que o vento trouxe congelou no tempo todos os meus anseios. Vi-me sem razão para viver, sonhos eu já não tinha, os desejos me deixaram com o tempo, o amor que outrora me incendiava, congelou em meu frígido coração.

Desesperada não sabia para onde ir, procurei por todos os lugares algo que me impedisse de sucumbir, que me trouxesse à vida e me dissesse que de uma forma ou de outra, eu não poderia deixar de existir.

Algo que eu não via, mas que sentia de maneira intensa, parecia me guiar. Para os economistas, poderia ser a “mão invisível”, para os astrólogos, o “cosmos”, para os budistas, “Buda”, mas para mim...  Bem, eu não sabia ao certo o que era, mas eu sabia que estava me guiando para um lugar onde eu teria um futuro.

Com o tempo conheci pessoas, conquistei amigos, recebi novamente o amor da minha família. Simplesmente confiei naquilo que eu não via, pois aquilo que era invisível aos meus olhos tornava-se cada vez mais visível ao meu coração.
 
Hoje sei que não era guiada apenas por uma mão invisível, mas que fui conduzida em todo tempo por Jesus, e que o que meu coração sentia era o calor do Espírito Santo, e a mão que me segurou em todo tempo, era a mão de Deus.

Agora tenho novamente sonhos, propósitos, anseios, desejos, valores; tenho em dobro tudo aquilo que um dia me foi roubado. O amor que hoje queima em meu coração, é mais forte do que tudo o que eu havia experimentado até hoje, até porque agora eu não experimento o amor, eu vivo desse e por esse amor, e através dele encontro liberdade para amar o meu próximo como a mim mesma.

Entre tanta dúvida, acabei por somente confiar. Quando eu não enxergava o caminho, senti uma mão a me guiar, fiquei calma, nada mais me preocupava, senti uma segurança absurda, eu não caminhava mais com meus próprios passos, passei a ser guiada e conduzida total e inteiramente por Deus.

Atualmente entendo que eu tinha, e continuo tendo, um futuro. Por isso agradeço tanto pela minha vida, creio que em todo o tempo onde tive meu entendimento cegado, fui, e continuo sendo, conduzida e guardada pela mão do Senhor.

Tão somente oro, para que esse calor que hoje incendeia meu coração jamais me deixe, ainda mais, oro para que aumente e que através do amor a minha vida seja posta em movimento, não para o meu bem estar, não para que a minha vontade seja feita, mas para que através do mesmo amor que me alcançou eu possa ganhar outras vidas, gerando novamente nelas  tudo aquilo que um dia lhes foi tirado. E tudo isso faço por amor a Cristo e para que o seu nome seja glorificado e reverenciado através de mim.

Sinceramente, não me importo em morrer para que outros possam viver, mas não matarei a mim mesma dia após dia em vão, somente morrerei diariamente se for para gerar vida, não vacilarei diante da tarefa que me foi dada, correrei com graça a corrida que me foi proposta para que naquele dia me achegue com ousadia ao trono da graça para receber reconhecimento da única pessoa que de fato importa, Jesus Cristo.

“O meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma. Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.” 

(Hb 10.38,39)


Gabriela C. Paiva

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