Ainda há esperança...



A impotência daqueles que estavam tão perto, mas não puderam fazer nada... Dor é palavra. A dor dos médicos por não conseguirem reverter o quadro. A dor que os pais estão sentindo agora. A dor dos irmãos. A dor daqueles que o tinham como um grande amigo! Dor, palavra pequena, mas com uma potência enorme...

Até agora eu não havia escrito nada, e hoje não escrevo para fazer drama, mas para tentar aliviar um pouco daquilo que me sufoca por dentro e que não sei como expressar. Quem nunca perdeu alguém que atire a primeira pedra! É, não serão muitas atiradas. Conheço pessoas que graças a Deus, nunca compartilharam dessa dor. Mas muitos já tiveram a tristeza de perder um pai, uma mãe, um avô, uma avó, um irmão! Perderam amigos, tios, tias... Perderam pedaços de si... 

A religião, independente de qual seja, nos ajuda nesse momento tão difícil, mas não esclarece todas as coisas. Creio que os mistérios de Deus não são revelados porque de fato nosso entendimento não os compreenderia, não compete a nós entendermos tudo, pois se assim fosse dispensariamos a confiança em Deus que se faz tão presente nos momentos de dor!
Por que não conseguimos lidar com a morte? Com a distância? Com a falta? Já diria um grande sábio: "Quem inventou a distância, não sabia o que era saudade."

Depois da dor, vem a saudade. Depois dos litros de lágrimas, dos suspiros, da revolta, dos milhões de porquês, vem a saudade. Os bons momentos, os gostos, as músicas, as roupas, as expressões...

A primeira coisa que nos vem à mente é o por que? Não me lembro quantos já escutei... As músicas que nos fazem lembrar da alegria que ele tinha, os apelos que nos lembram sua devoção, o telefone tocando que me lembra das discussões que tinhamos nas madrugadas, o perfume, os sonhos, a igreja... Tudo lembra ele. E a vida? Por vezes parece ter perdido o sentido!

É assim que a gente se sente. E volto à sequencia: Dor, saudade, TEMPO! Somente o tempo nos ajuda a reeguer a cabeça e seguir adiante. Só o tempo nos faz ter de volta a sede de viver; nos faz sonhar novamente... Só o tempo...

“Está chegando pai?” E como uma criança, ficamos nos questionando. Falta muito? Por mais quanto tempo vou sofrer esse aperto no coração? Por mais quanto tempo vou chorar, vou implorar por uma resposta?


Depois do tempo, volta a saudade. Mais madura, mais esclarecida. A dor passa. As lembranças se tornam engraçadas, pequenas orações… A morte, só ela…


“Eu sou alguém que se paga, para que você brilhe. Que se curva ante a vontade suprema de Deus e espera, com fé e confiança, a chegada do reencontro, que se dará… em algum lugar do futuro!”

É isso que eu sinto ao me lembrar dele...
"Eu sou o alguém que se paga, para que você brilhe."
E pode ter certeza que eu vou brilhar... Primeiramente pra honrar o sacrifício de Jesus, depois para o honrar o dele, que se "curvou ante a vontade suprema de Deus" para que o meu coração pudesse despertar, acordar de um sono profundo!

Obrigada pelo tempo em que esteve presente em minha vida, pode ter certeza que você fez TODA a diferença!

Não vejo a hora de te ver de novo!

“A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.” 1 Coríntios 15.52

Enquanto isso eu...

"Lembro-me também do que pode me dar esperança. Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança." Lamentações 3:24-25


Gabriela C. Paiva